Por: Willian Oliveira
Bioma que guarda mais de 20 mil especiais de plantas está ameaçado pela crise climática e pelo avanço do agronegócio
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos e diversos do planeta e se localiza ao longo da costa leste do Brasil e se estende até o leste do Paraguai e a Argentina. O Nós do Mato continua a série sobre cada um dos 5 biomas terrestres do Brasil falando sobre esse ecossistema de floresta úmida que guarda uma das maiores biodiversidades do mundo.
O bioma que, originalmente, cobria cerca de 1,3 milhões de quilômetros quadrados tem uma importância vital para a diversidade florestal e para a sustentabilidade ambiental da região e das pessoas.
Ao mesmo tempo que a Mata Atlântica é uma das regiões ecológicas mais ricas do planeta, ela também é uma das mais ameaçadas. Hoje, o bioma conta com apenas 24% da sua floresta original que estão distribuídos de maneira desigual entre os diferentes ecossistemas.
Biodiversidade e proteção
A Mata Atlântica abriga uma quantidade impressionante de espécies vegetais e animais, muitas das quais são endêmicas, ou seja, não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo.
Além de estar presente em 17 estados e 3.429 municípios do Brasil, a Mata Atlântica abriga 35% de todas as espécies vegetais do país e mais de duas mil espécies de animais. Estima-se que a floresta é o lar de cerca de 20.000 espécies de plantas, 250 espécies de mamíferos, 500 espécies de aves, e centenas de espécies de répteis e anfíbios.
Entre as espécies mais emblemáticas estão o mico-leão-dourado, o jaguar e a onça-pintada, além de uma infinidade de espécies de plantas e árvores que desempenham papéis ecológicos cruciais.
Além de sua rica biodiversidade, a Mata Atlântica desempenha funções essenciais. Ela é uma fonte importante de água doce, pois suas árvores ajudam a regular o ciclo da água e a manter os níveis dos rios e represas. O bioma detém nove das doze bacias hidrográficas do país.
A floresta também atua na regulação do clima local e na proteção dos solos contra a erosão. Suas áreas úmidas e manguezais oferecem habitats para muitas espécies aquáticas e ajudam a mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Ameaças e Conservação
Infelizmente, a Mata Atlântica tem enfrentado sérias ameaças ao longo das últimas décadas. A expansão urbana, a agricultura intensiva e a exploração madeireira reduziram drasticamente sua cobertura original.
Segundo o Atlas da Mata Atlântica (SOS), o bioma perdeu vinte mil hectares de florestas em apenas um ano. Estima-se que apenas cerca de 12% da área original da Mata Atlântica permaneça em estado nativo, e muitos dos fragmentos restantes estão severamente degradados.
Essa destruição coloca em risco não só a diversidade, como também a qualidade de vida de 145 milhões de pessoas que, tanto nas cidades quanto nas zonas rurais, dependem da água que vem da Mata Atlântica.
Esforços de conservação têm sido implementados para proteger e restaurar este ecossistema vital. Áreas protegidas, parques nacionais e reservas biológicas foram criados para preservar o que resta da floresta e promover a recuperação de áreas degradadas.
Organizações não governamentais, governos e comunidades locais têm trabalhado juntos para implementar projetos de replantio e para combater o desmatamento para garantir a execução do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012).