Foto: Andre Maceira | Shutterstock

Por: Willian Oliveira 

Avanço do agronegócio e incêndios colocam em ameaça o bioma 

O Pantanal é a maior área umidade do planeta. Localizado no coração da América do Sul, o bioma abrange partes do Brasil, Bolívia e Paraguai. Para falar um pouco mais sobre a sua biodiversidade e importância ecológica, o Nós do Mato continua a série sobre cada um dos 5 biomas terrestres do país. 

No Brasil, o Pantanal possui uma área de 150,4 mil km² – cerca de 2% do território nacional – e está presente nos estados do Mato Grosso, com 7% de ocupação do território, e o Mato Grosso do Sul, com 25%. A parte que ocupa a Bolívia, o bioma tem uma área de aproximadamente 160.000 km². 

Além disso, o Pantanal é considerado Patrimônio Natural pela Constituição Federal e Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO. 

Formação natural e atividades humanas  

Coberto por uma exuberante vegetação e atravessado por uma grande rede de rios e canais, o Pantanal se transforma conforme a estação do ano. Durante as chuvas, o solo se enche de água, criando um imenso mosaico de lagos e pântanos. Já na estação seca, as águas recuam, revelando vastas áreas de planícies. 

Entre os habitantes mais emblemáticos do Pantanal estão a onça-pintada, o jacaré-do-pantanal, a capivara e uma infinidade de aves como o tuiuiú e o jaçanã. A região é também um importante refúgio para espécies ameaçadas e um ponto crucial para a observação de aves e outros animais silvestres. 

A presença de uma rica flora, que inclui árvores como o buriti e o ipê, contribui para a complexidade do ecossistema e para a estabilidade do clima regional. A economia local é fortemente ligada ao ecoturismo e à agricultura. 

O turismo sustentável tem um papel vital na preservação do Pantanal, oferecendo aos visitantes a oportunidade de explorar suas belezas naturais enquanto promove a conservação e o respeito pelas comunidades locais. 

Ameaças 

Apesar da importância, o Pantanal sofre muito com a ação humana e tem as suas funções e importâncias ameaçadas. A expansão da agricultura e do pastoreio, juntamente com as mudanças climáticas e o desmatamento, representam riscos significativos para a integridade ambiental da região.

Nas décadas de 1970 e de 1980, houve a ocupação desordenada para a criação de gado e plantações de grãos. É muito comum o não cumprimento do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), principalmente com relação às Áreas de Preservação Permanente (APPs). Muitos cursos d’água têm déficit de APP protegida, o que ocasiona o assoreamento de rios como o Taquari.

Outro ponto que coloca em risco a conservação do Pantanal são os incêndios. Dados disponibilizados pelo Programa de BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que nos primeiros seis meses do ano o Pantanal registrou 3.538 focos de queimadas. O número revela um aumento de quase 40% do registrado no mesmo período de 2020, ano recorde.

Soluções 

Um dos pontos principais para buscar a preservação do Pantanal é a efetiva implantação do Código Florestal  e consequentemente a regulamentação do uso sustentável do bioma. A partir da lei é possível estabelecer a criação de ambientes que podem ter várias finalidades além da preservação.

A criação de Unidades de Conservação (UCs), como Áreas de Proteção Ambiental (APAs), parques e Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) pode gerar benefícios não só ecológicos, mas econômicos, transformando áreas em atrativos para lazer, educação, turismo e pesquisa. 

Assim como ocorre na Mata Atlântica, também seria essencial o estabelecimento e aprimoramento de uma legislação específica para o Pantanal. Além disso, deter e reduzir o aumento de queimadas a partir do manejo integrado do fogo (MIF) enquanto política pública com o trabalho integrado dos governos.  

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