Por: Willian Oliveira
Bioma exclusivamente nacional sofre com as grandes secas e com o processo de desertificação
A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro situado no interior do país, abrangendo partes dos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas e Bahia. Na série sobre os cada um dos 5 biomas terrestres do Brasil, o Nós do Mato explica um pouca mais sobre um dos ecossistemas mais importantes do país
Conhecida por sua aridez e características adaptativas, a Caatinga conta com uma biodiversidade adaptada às condições severas de clima e solo. O bioma é marcado por um clima semiárido, com temperaturas elevadas e uma estação seca prolongada.
A vegetação da região é predominantemente xerófila, ou seja, adaptada para armazenar água e resistir à seca. É composta por arbustos espinhosos, cactos e plantas que possuem mecanismos especiais para conservar a água. Algumas das espécies vegetais mais conhecidas da Caatinga são o xique-xique, o mandacaru e a juazeira.
Além da vegetação xerófila, a Caatinga possui uma fauna igualmente adaptada às condições áridas. Entre os animais que habitam o bioma estão o tatu-bola, a arara-azul-de-lear, a onça-parda e diversas espécies de répteis e insetos.
Importância ecológica e cultural
Embora o clima da Caatinga seja desafiador, o bioma desempenha papéis ecológicos significativos. A vegetação da região ajuda a prevenir a erosão do solo e a manter a integridade dos ecossistemas locais. As plantas xerófitas são importantes para o fornecimento de alimentos e abrigo para a fauna local.
Além disso, a Caatinga é crucial para a preservação dos recursos hídricos na região. As áreas de vegetação ajudam a reter a água da chuva e a regular o fluxo dos rios temporários que são comuns na região. Esses rios temporários, conhecidos como “rios intermitentes”, são vitais para o abastecimento das comunidades locais e para a biodiversidade da Caatinga.
Aproximadamente 28 milhões de pessoas vivem no campo e nas cidades do bioma, se adaptando aos períodos climáticos e diferentes ambientes. A Caatinga conta com mais de 4 mil espécies de plantas, 153 de mamíferos, 107 de répteis, 49 de anfíbios, 510 de aves e 185 de peixes.
Código Florestal
A Caatinga enfrenta vários desafios, principalmente devido à degradação ambiental e ao impacto das atividades humanas. A expansão agrícola, a pecuária intensiva e o desmatamento têm causado a perda de habitat e a degradação dos ecossistemas. Além disso, o uso inadequado dos recursos hídricos e a mudança climática também afetam a saúde da Caatinga, aumentando a frequência e a severidade das secas.
A partir do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), esforços de conservação estão sendo realizados para proteger e restaurar a Caatinga. Iniciativas incluem a criação de áreas protegidas, projetos de reflorestamento com espécies nativas e programas de manejo sustentável dos recursos naturais e do fogo, sobretudo para conter as áreas suscetíveis à desertificação (ASD).
Além disso, o programa de cisternas, criado pelo governo Lula em 2003, é um dos exemplos de boas práticas para a realidade do bioma. Por ser uma região que possui um período de chuvas concentrado e curto é necessário armazenar a água para ser utilizada no período de estiagem.
No atual momento, com recorrentes incêndios, seca severa e mudanças climáticas, a implementação do Código Florestal se faz muito importante para garantir a existência da Caatinga e a produção e renda das populações que compõem o bioma.