Por: Gabriel Barbosa / Edição: Anna Francischini, Júlia Oliveira e Willian Oliveira / Vídeo: Anna Francischini

O Nós do Mato convidou a especialista em desenvolvimento sustentável e sistemas produtivos rurais, Ana Paula Araújo, para dar dicas de implementação sobre a produção em sistemas orgânicos e agroflorestais. Para a profissional , a sustentabilidade é uma forma de viver no mundo que reorganiza a nossa relação com a natureza e entende que o planeta tem uma capacidade de suporte que está ameaçada.

Produção Orgânica

O sistema orgânico de produção é um modelo que além de otimizar o uso dos recursos naturais e socioeconômicos, também preserva a cultura das comunidades rurais sem fazer o uso de produtos químicos ou agrotóxicos, ou seja, de forma natural. Isso envolve técnicas como a utilização  de insumos (adubos e fertilizantes) e defensivos orgânicos, priorização de policulturas e de culturas consorciadas. Na pecuária, o modelo orgânico de produção envolve ainda o uso de pastagem natural e a preocupação com o bem-estar animal.

Os direcionamentos para a produção estão estabelecidos na Lei dos Orgânicos” (nº 10.831/2003), regulamentada pelo Decreto n.° 6.323/2007 e pela Instrução Normativa 46/2011. Para considerar um produto agrícola, pecuário ou agroindustrial como orgânico, é necessária a certificação. Um exemplo é o chocolate Angi, idealizado pela empreendedora Beatriz Branco. A produção do chocolate acontece a partir da colheita sustentável de frutos pantaneiros, em parceria com mulheres produtoras no estado de Mato Grosso do Sul.

As tecnologias de produção orgânica são consideradas alternativas ao modelo agropecuário convencional, que passou a ser predominante após o século XX, com a revolução verde. Esse movimento sustentável renasce no final do mesmo século diante dos problemas gerados pela modernização agropecuária e pela preocupação com a qualidade dos alimentos.

Produção Agroflorestal

Por conseguinte o modelo agroflorestal é um sistema de produção milenar que em sua essência, visa produzir alimentos de forma integrada à vegetação nativa. Para isso, combinam o cultivo de hortaliças com espécies frutíferas, madeiras e/ou animais. Pode-se plantar em agroflorestas de diversas formas: em rotação, combinação de culturas ou em consorciação com outras espécies. Além disso é possível combinar o plantio com o sistema orgânico (seguindo a legislação e tendo certificação) ou sistemas sustentáveis.

Mas apesar das semelhanças “o sistema orgânico é sustentável, mas, nem todo sustentável é orgânico”, lembra Araújo.

Por fim esta técnica é ainda mais interessante para o produtor rural, uma vez que permite a manutenção da floresta e a recuperação da vegetação em áreas degradadas dentro dos imóveis rurais pela monocultura. E de maneira similar ao que aconteceu com o sistema orgânico, práticas industriais substituíram as agroflorestas, visando a produção em larga escala.

É importante destacar, que os sistemas sustentáveis utilizam tecnologias de ponta, desenvolvidas pela ciência, pelas comunidades tradicionais, pelos povos originários, que conhecem profundamente o ambiente. São sistemas que mantêm a produção e a produtividade da terra em níveis competitivos e conservam a biodiversidade. – Ana Paula Araújo, geógrafa.

Acesse também o conteúdo em vídeo:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *