Por: Anna Francischini / Edição: Julia Oliveira
Buscando valorizar o trabalho do campo e trazer os sabores desta região, o Nós do Mato apresenta o segundo prato desta série. Da Terra ao Prato: arroz com pequi. E na mesma linha, como é possível fazer a exploração sustentável do fruto.
O pequi, conhecido como ‘ouro do Cerrado’, é um fruto do pequizeiro, árvore nativa do bioma, responsável pelo prato típico da região central do Brasil. Seu nome vem do tupi e significa fruto de pele espinhosa, característica dele.
Além de ser rico em vitaminas A, C e E, fibras e gorduras saudáveis, o fruto é matéria prima para diversos produtos. A partir da sua polpa, é possível produzir óleo da semente, aproveitado para usos medicinais e cosméticos. Os estados que lideram a sua produção são Minas Gerais, seguido pelo Tocantins e por Goiás.
Ainda, o fruto é tão enraizado nas tradições sertanejas que em 2021 aconteceu uma disputa política entre Minas Gerais e Goiás, pelo título simbólico de “Capital do Pequi”.
Produção sustentável do pequi
A safra do pequi ocorre entre os meses de abril e julho, mas não é incomum que ele esteja apto para colheita em outros períodos. Então, para obter o pequi, agricultores e coletores colhem os frutos maduros direto da natureza, e por conseguinte, a sua exploração é caracterizada como extrativismo vegetal. Esta atividade tem grande importância para a renda desses grupos, na região do Cerrado.
Nesse sentido, se feita de forma sustentável a atividade é considerada como atividade de baixo impacto ambiental. Assim, o produtor rural pode explorar o pequi em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e as Reservas Legais (RLs) dentro da sua propriedade, expandindo os seus lucros.
Em resumo, o manejo florestal sustentável é uma prática que promove o uso responsável dos recursos naturais, desde que não haja a descaracterização da vegetação daquela área e que não prejudique a sua função ambiental, visando a conservação ambiental a longo prazo.
Pequi na Reserva Legal
Nas RLs, a exploração do Pequi, como uma atividade de coleta de produtos florestais não madeireiros, está de acordo com a Lei. Para isso, o produtor rural deve ficar atento:
- Aos períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos específicos, quando houver;
- A época de maturação dos frutos e sementes;
- As técnicas que não coloquem em risco a vida humana e também da espécie coletada;
Porém, se a exploração sustentável do Pequi for para fins comerciais, é preciso uma autorização do órgão competente e o produtor precisa garantir a diversidade das espécies e se for manejar espécies exóticas, deve adotar medidas que favoreçam a regeneração de espécies nativas.
Pequi em Áreas de Preservação Permanente
Sendo assim, o agricultor pode fazer o plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, mas a vegetação da APP não pode ser desmatada. Além disso, também é possível fazer o manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área.
Finalmente, depois de tanto falar de pequi e de sua exploração sustentável, vamos aprender a fazer o arroz com pequi?
Receita
Ingredientes:
- 1/4 de xícara de chá de óleo ou banha de porco
- 1/2 litro de pequi lavado
- 2 dentes de alho espremidos
- 1 cebola grande picada
- 2 xícaras de chá de arroz
- 4 xícaras de chá de água quente
- Sal a gosto
- Pimenta de cheiro ou dedo de moça
- Salsinha, cebolinha picada
Modo de preparo:
- Coloque o pequi no óleo ou gordura fria (se usar o fruto inteiro, não é preciso cortar, mas cuidado com o caroço).
- Adicione o alho e a cebola e deixe refogar em fogo baixo, mexendo sempre com uma colher de pau para não grudar na panela, e respingue um pouco de água quando for necessário.
- Quando o pequi estiver macio e a água secar, acrescente o arroz e deixe fritar um pouco.
- Junte a água e o sal.
- Com o arroz quase pronto, adicione pimenta a gosto.
- Na hora de servir, polvilhe arroz com salsa e cebolinha.
Para conhecer outras formas de produção sustentável, acesse:
Agroecologia: conexão com a natureza e a produção sustentável e rentável
Confira também o primeiro post desta série, sobre o pato no tucupi da região norte.