Por: Anna Francischini / Edição: Julia Oliveira

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou na manhã desta terça-feira o 4º boletim Prohort de Comercialização de Hortigranjeiros nas Ceasas 2024. Embora o preço da batata, cenoura, banana e maçã tenham apresentado uma tendência de redução, outros itens devem aumentar. Alguns deles são a cebola, tomate, laranja, mamão e melancia. Segundo o boletim, este aumento se deve a condições climáticas extremas, como chuvas acima da média em algumas regiões. Já outras, o prejuízo veio com os longos períodos de estiagem.

O calor e as chuvas no sul da Bahia e no norte do Espírito Santo no final de fevereiro e março, por exemplo, comprometeram tanto o bom desenvolvimento, quanto a qualidade da colheita do mamão. Extremos climáticos afetaram ainda na necessidade de mais gastos com a utilização de agrotóxicos fosse maior.

Outro boletim divulgado pela Conab no dia 11 foi o de 7º levantamento da Safra 2023/2024. A notícia também não é das mais animadoras. O volume de produção previsto para este ano é 8% ou 25,7 milhões de toneladas, abaixo do obtido em 2022/2023. O milho e a soja foram os mais impactados. A queda no volume de produção varia de acordo com a safra e o estado em que foi feito o plantio.

Regiões mais afetadas

Os estados das regiões do Matopiba, Centro Oeste e parte do Sudeste do país foram afetados pela seca. Já as altas temperaturas e o excesso de chuvas na região Sul, gerou atraso no plantio, principalmente da soja. 

Na safra de feijão-comum cores, por exemplo, as chuvas escassas e as ondas de calor afetaram a produtividade no norte de Minas Gerais. Já em Goiás, a falta de chuva no início do ciclo prejudicou a lavoura, e o seu excesso, durante a colheita, afetou a qualidade dos grãos. Os dois estados são dois dos maiores produtores do grão no país.

Impacto no bolso do consumidor

Além de representar um prejuízo para os agricultores, o aumento dos preços influenciado por condições climáticas extremas, também pesa no bolso do consumidor. 

Neste 7ª levantamento da Conab, em relação ao feijão, é indicado que os empacotadores continuam trabalhando com baixos estoques e aguardando melhores negociações quanto a qualidades e preços. Ainda, com o menor giro de mercadoria, os supermercados têm diminuído as compras, esperando que os preços caiam. 

O El Niño está pior?

De acordo com a Conab, o El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico, causando chuvas acima do esperado e ondas de calor, foi o principal responsável por essa perda de produtividade. 

Mas as mudanças nos padrões do clima têm intensificado esses fenômenos naturais. Enquanto o El Niño é um fenômeno natural, já esperado em intervalos de dois a sete anos, as mudanças no clima são um aumento gradual da temperatura da terra e que aquece os oceanos. Cientistas apontam que esse aquecimento das águas causado pelo chamado ‘aquecimento global’ fará com que fenômenos como o El Niño, que também aquece o oceano, se tornem mais intensos e mais frequentes.

Essas alterações que intensificam o El Niño acontecem no mundo todo por diversas causas, mas no Brasil a principal é a derrubada de áreas florestais. Isso porque, as árvores armazenam gás carbônico, que quando vai para atmosfera cria uma película, que funciona como uma garrafa térmica.

A Lei do lado do produtor rural

O agricultor, responsável por alimentar o Brasil, precisa produzir. Então para alinhar a produtividade agrícola com a preservação da vegetação nativa existente nos imóveis rurais de todo país, existe a Lei conhecida como Código Florestal. De acordo com a Lei, algumas formas como o produtor pode explorar ao máximo a sua propriedade sem gerar impactos negativos é através da:

  • A Reserva Legal é uma área da propriedade, que varia de acordo com o bioma, e os proprietários podem explorá-la através de atividades como manejo florestal sustentável, agroflorestas, extrativismo não madeireiro e ecoturismo.
  • Áreas de Preservação Permanente (APPs): áreas com florestas que protegem os cursos d’água, como os rios. Mesmo com regras mais estritas do que a Reserva Legal, mediante autorização do órgão ambiental competente, é possível realizar em alguns casos atividades de baixo impacto ambiental.
  • Restauração: se o proprietário não tiver em sua propriedade as áreas preservadas com Reserva Legal, ele precisará fazer a restauração e aderir ao Programa de Regularização Ambiental (PRA).
  • Então, é possível recuperar a área que falta plantando espécies variadas utilizando sistemas agroflorestais.

Para saber sobre a exploração de pequi como atividade de baixo impacto e a produção de cacau e mandioca em sistemas agroflorestais, acesse os links.

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